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domingo, 12 de julho de 2020

Negociação, Consideração e a publicidade das relações na comunidade BDSM.



Dia desses, em um dos grupos que estou, uma submissa perguntou se, estando em negociação, já poderia chamar aquele Top de Dono perante a comunidade BDSM (principalmente na forma virtual nas redes sociais e grupos em comum).

Primeiramente, é bom esclarecer que tudo o que falo se trata de uma opinião pessoal. Não é uma determinação de regras, nem um manual litúrgico; é apenas a visão que tenho sobre o tema. Aviso dado, vamos ao post.

Já falei em um outro post neste blog que sou avessa à publicidade do início de uma conversação ou negociação pois estas fases são muito frágeis e passageiras. Normalmente, um praticante (seja Top ou bottom) inicia muitas conversações durante sua caminhada pelo BDSM. Destas, algumas se convertem em relações mas, a grande maioria, não passa da negociação. 
Inúmeras são as razões pelas quais uma negociação não dá continuidade, mas a principal é: uma parte não atende as necessidades ou expectativas da outra parte. É o famoso ditado "quando um não quer, dois não brigam". Mestre Gregório me disse logo nos primeiros dias em que estávamos conversando: "para esta relação dar certo, você tem que querer que ela dê certo".

Dada a efemeridade dessa fase, eu não vejo sentido em divulgar à comunidade com quantas pessoas eu comecei a conversar ou negociar. O que importa à comunidade quantas vezes eu tentei dar início a uma relação que não teve êxito?

Mas, Lilica, eu vejo nos grupos as pessoas anunciando negociações, postando fotos das sessões, o bottom chamando o Top de Dono, agradecendo imensamente a oportunidade de servi-lo. Passada duas semanas, acabou a negociação. Passa mais uma semana, o mesmo bottom anuncia o início de outra negociação e tá lá publicamente chamando outro Top de Dono da minha vida e, depois de uma semana, termina.
Eu confesso que, atualmente, quando cumprimento alguém, nem mando mais saudações para o Dono ou a posse porque eu nunca sei se a pessoa ainda tá com o fulano. As publicações de início e fim são tão rápidas que, se eu fico duas semanas sem acessar um grupo ou rede social, toda a situação já mudou rsrs.

Eu mesma já tive muitas conversações e muitas negociações infrutíferas, mas penso que chamar alguém de Dono é algo tão profundo, tão forte, que dar esse título a todo Dominador com quem apenas iniciei uma negociação me parece menosprezar a minha entrega.

Neste sentido, penso assim: quando um bottom chama o Top de Dono e esse Top começa a tratá-la realmente como posse, qual a lógica de se falar que ainda estão negociando? 
Pergunto isso porque, no meu ponto de vista, a negociação termina quando se tem a primeira sessão. 

Vejo a Negociação como o momento de colocar as cartas na mesa. Quando um Top e um bottom decidem fazer uma sessão, é sinal de que já se conheceram pessoalmente, que conversaram o tempo que acharam necessário onde foram expostos os limites, as preferências de ambos; já se sabe, mais ou menos, se ambos buscam os mesmos objetivos e a primeira sessão é o fechamento desse pré-acordo. 

A primeira sessão é o momento em que Top e bottom vão colocar em prática o que conversaram, vão perceber se há sinergia entre ambos, vão descobrir se realmente um atende à expectativa do outro. Na primeira sessão acontece uma avaliação mútua e ambos vão decidir interiormente se vale a pena ou não investir naquela relação. 

Tiveram a sessão e viram que querem dar prosseguimento na relação? Neste momento Top e bottom entram em avaliação/consideração. 

Quando em consideração, eles fazem sessões regularmente, se encontram, há tarefas... o Top vai apresentando na prática o que realmente espera do bottom; vai adestrando a seu gosto, aumentando a intensidade, a dificuldade, descobrindo a resposta do bottom aos comandos e os efeitos que todas essas coisas causam nele.
De igual forma, o bottom vai descobrindo as rotinas do Top, o que o agrada e o que o desagrada; analisando as próprias reações ao que está vivendo e, por fim, vai se "encaixando" nos parâmetros do Top, a que muitos chamam de "moldar".
É um momento de ajustes, adaptações, onde a relação vai tomando forma dentro dos moldes acordados na negociação.

Sei que muitos praticantes compreendem como negociação todo o tempo que ficaram juntos fazendo sessões até o encoleiramento. Por isso se ouve falar em negociações que duram meses ou até mesmo anos com ambos se tratando como Dono e posse. Esse período pelo qual passaram é justamente a Consideração ou Avaliação. Já comentei sobre isso em um outro post: a pessoa nomeando ou não as fases do relacionamento, elas estão todas lá... Se quer chamar toda a fase - da conversação até a consideração - apenas de negociação, está tudo bem. Na verdade, isso não tem nenhuma implicação prática na relação em si. 

No entanto, na minha opinião, perde-se muito do significado litúrgico e ritualístico da relação, pois o encoleiramento é a conclusão desse processo: é quando o Top decide que o bottom está realmente preparado para portar o nome dele; e isso tem um simbolismo muito forte. 
Mas sempre lembrando que "querer ou não" dar um caráter litúrgico à relação vai do interesse do Top. 

Explicada a minha compreensão sobre o que significa estar "em negociação", então voltamos à questão inicial do tópico com uma leve alteração: uma submissa que ainda não foi encoleirada pode chamar o Top de Dono?

Eu aprecio muito o seguinte pensamento: para um bottom se tornar posse, ele precisa já se portar como posse.

Você não deixa de ter obrigações com o Top ao estar em avaliação ou consideração... apenas ainda não ganhou o "direito" de carregar o nome do Dono definitivamente na sua coleira, assinatura social, ou qualquer símbolo que represente simbolicamente aquela Casa.

Se tornar posse não é uma chave liga/desliga; ela é uma construção interna que ocorre justamente na fase de avaliação/consideração. É, antes de tudo, uma mudança no estado psicológico, não apenas no status social. Antes de "estar" você precisa "ser".
E essa fase pode demorar meses... O tempo que o Top achar necessário para que você, bottom, esteja pronta para representar o nome dele. 

É isso que torna o Ritual do Encoleiramento tão especial: você andou numa estrada árdua, cheia de pedras e espinhos, para finalmente ter a honra de portar o nome dele; é o reconhecimento da sua dedicação, da sua entrega. É o compromisso integral que ambos assumem um com o outro: servo e Mestre.

Neste raciocínio, se o bottom já tem que se comportar como posse até poder se tornar posse definitivamente, por que razão ele não chamaria o Top de Dono? 

Apenas se for uma determinação expressa do Top para que o bottom não faça isso. Mas acho pouco provável que um Top exija tal coisa afinal, na fase de consideração, ele também já se porta como Dono e assim quer ser reconhecido publicamente (Exceto, é claro, aqueles que querem ocultar a existência de uma submissa em sua casa, sabe-se lá por qual razão... mas isto é assunto para outro post).

E quando que se considera o início real de uma D/s? 

Como me disse o Mestre Gregório uma vez: "desde o primeiro contato virtual pois eu já sabia que você seria minha" 🥰. 


Meus respeitos.
Lilica de Mestre Gregório

segunda-feira, 20 de abril de 2020

Devo chamar Top de Senhor ou Senhora? A hieraquia das posições.

Há assuntos muito recorrentes e polêmicos nos grupos de BDSM. Um deles é sobre a forma pela qual os bottoms devem tratar aos Tops. Afinal, bottoms devem tratar os Tops por Senhor ou Senhora?

Quando eu comecei a estudar BDSM, o primeiro conceito ao qual fui apresentada foi o de hierarquia e verticalidade.  

Esta é:


Dominadores (genericamente falando) estão no topo e submissos (também genericamente falando) estão na base da cadeia hierárquica. 
Eu aprendi a coisa de maneira bem simples: quem está na parte de baixo deve respeitar quem está na parte de cima. 

Uma submissa me falou esses dias que só trata um Top por Senhor ou Senhora quando ele ganha o respeito dela, afinal, como iria tratar com deferência alguém que ela nem sabe quem é e se merece tal distinção?

Eu, lilica, tenho justamente o pensamento inverso: quando sou apresentada a uma pessoa e recebo a informação de que se trata de um(a) Top, ela será tratada como tal, com o respeito inerente à posição. 

Eu chamo um Top de Senhor ou Senhora porque, dentro da comunidade em que vivemos há uma hierarquia. Eu até posso não gostar da pessoa X mas, se ela se comportar com respeito, será tratada com respeito.  Não quer dizer que quero servi-la, e sim que respeito a posição dela (Top) dentro da hierarquia da comunidade que estou.

Se ela passar a apresentar um comportamento inadequado à posição, eu simplesmente me afasto, afinal, quem não está agindo de acordo com a posição hierárquica é ela, não eu.
Porque eu me nivelaria por baixo? 
A minha postura é a minha postura... a do outro, bom, ele que lute... rs. 
A minha submissão é seletiva... a minha educação não é.

Gosto de fazer a analogia com os tribunais de justiça pela sua formalidade. 
No topo temos os Juízes e todos devem ser tratados com a mesma deferência, no entanto, ordens mesmo, recebo e cumpro apenas as do juiz a qual estou subordinada. 
Obviamente, juízes são pessoas e estas podem ser educadas ou mal educadas. Eu nunca vou bater de frente com um juiz por ele ser grosseiro, pois a hierarquia não me permite isso. 

Da mesma maneira no BDSM, existem Dominadores educados e mal educados e a hierarquia me obriga a atuar da mesma forma.

Quer falar com um juiz de igual para igual? Vira juiz.
Quer falar com um Top de igual para igual? Vira Top.

Mas uma coisa boa que se tem no BDSM (diferente dos Tribunais) é que você pode simplesmente ignorar o Top grosseiro e fingir que ele não existe ao invés de bater boca com ele. Não precisa aceitar desaforo ou carteirada se você não fala com a pessoa.  

Então, finalmente concluindo, a hierarquia se respeita de baixo pra cima, observando a verticalidade das posições. 

Respeito ao outro, no entanto, (ao que chamamos de educação) deve existir de Top pra bottom, de bottom pra Top e de Top pra Top. 
Educação vem de berço.

Bom... meu pensamento é esse.

Meus respeitos.
Lilica de Mestre Gregório.

Entrevista no Grupo Confraria Sociedade BDSM

Olá, pessoal. 

Vida corrida: faculdade, trabalho, desânimo... mas vida que segue.
Faz tempo que não escrevo e nem posto nada aqui; mas dei uma entrevista no Grupo Confraria Sociedade BDSM no 22/03/2020 e gostaria de compartilhar com vocês.

Lembrando que tudo o que falo é opinião pessoal, baseada nas minhas experiências; não são verdades absolutas nem muito menos desejo de ditar regras. 

Boa leitura.


* Boa noite.
Vou fazer um breve resumo de mim.
Me chamo lilica de Mestre Gregório, tenho 41 anos, comecei a estudar BDSM em 2006, a praticar mesmo em 2009, porém me mantive afastada por alguns anos, retornando ao meio no final de 2016.
Tenho a honra de estar servindo ao Mestre Gregório a 2 anos e 5 meses.
Sou apaixonada pela liturgia e pelos protocolos, mas não sou escrava deles, pois as relações, como diz o Mestre, sofrem mutações.
Tenho um forte dogma sobre ao ser escrava eu sou posse, tanto que meu blog se chama Jus Possessionis, que é um termo jurídico que significa Direito de Posse.
Bom é isso. E obrigada pelo convite e oportunidade sobre dar a minha visão sobre a submissão. 🥰


Sociedade: o que compreende a liturgia e protocolos dentro do BDSM? 

* Bom... o BDSM não tem um livro de regras, infelizmente (ou felizmente, não sei mais... rs).
Mas, antes da lei, vem a norma, que é uma espécie de consenso geral não escrito, mas que existe; e todos sabem que existe. Podem chamar de protocolos; no Brasil, convencionou-se chamar de Liturgia.
Mas conceitos que compreendem a hierarquia e a verticalidade (com o ordenamento dos papéis Top, bottom e Switcher), as bases que incluem a consensualidade (SSC e suas ramificações), os formatos de relações, estudo prévio para realização das práticas, rituais que embelezam e dão simbologia aos atos. Tudo faz parte da liturgia.
Se pesquisarmos material estrangeiro veremos que há um consenso, um padrão que as pessoas seguem. Adapta-se uma coisa ou outra mas, no geral, os protocolos regem o BDSM para que possa ser praticado com segurança e prazer.


Sociedade: apesar de você ser adepta dos Protocolos/Liturgia concorda que o SSC não dá a segurança que algumas pessoas julgam ter ?

* Segurança é algo relativo. As pessoas traduzem o Segurança ao pé da letra, onde nada nunca dá errado. Isso certamente é uma falácia, afinal não há como prever 100% das situações. Os cuidados com a segurança são para minimizar os erros, não para isolá-los totalmente. Um bottom pode se mexer, uma corda pode quebrar, uma vela pode cair, um chicote pode reverberar... tanta coisa pode acontecer. Ninguém é Deus para prever tudo.


Sociedade: qual seria ao seu ver o dogma do ser escrava ou posse...?

* A escravidão no BDSM não é real, obviamente; ela é erótica. A lei não permite que se possa possuir literalmente uma pessoa. Por que ela é erótica? Porque eu tenho prazer em ser posse, em estar posse, em não ter direitos dentro daquela relação; e, principalmente, porque eu tenho a plena certeza de que se amanhã eu não quiser mais ser escrava, eu não sou mais.
No entanto, enquanto o Mestre estiver exercendo o seu Jus Possessionis erótico sobre mim, eu, como escrava, não devo ser nada além do que aquilo que eu me propus a ser: uma escrava. Então qual seria a lógica de questionar cada ordem, desobedecer? Eu não estaria sendo leal ao que eu quero ser: escrava.
Obviamente existem várias formas de se submeter (inclusive de não se submeter rs) mas, para mim, ser posse é isso: pertencer e obedecer.


Sociedade: Lilica, confesso que tenho muita dificuldade em aceitar algumas coisas e me submeter. Contemplo a submissão e jamais me vi empunhando um chicote, sempre me vejo recebendo os golpes. Não me importo em apanhar, mas a subserviência ainda é algo difícil de engolir.O que pode me ajudar nesse processo.

* Você precisa descobrir se realmente seu desejo é se submeter. A submissão é um desejo interno. Você pode ser apenas masoquista, desejar o prazer da dor. Eu, sinceramente, não acredito muito nesse negócio de forçar submissão, ou se aprender a submissão. Você pode despertar dentro de si algo que estava adormecido. Conhecer alguém a quem deseje realmente estar aos pés. Mas pode não acontecer. E isso não te torna melhor ou pior; apenas tem outra forma de querer praticar. BDSM não tem apenas D e S.


Sociedade: como vc vê o empréstimo de escravas entre os Nobres dentro do BDSM??

* Eu gosto.. sendo objeto não cabe a mim questionar a quem o Mestre me empresta. Mas é necessário um alto grau de confiança entre a posse e o Dono. A posse tem que confiar que o Dono não vai desejar nunca prejudicá-la; que tudo o que ele fará é para o crescimento dela como posse, como submissa.
Falo no feminino porque falo na minha pessoa, mas serve para os bottoms masculinos também.


Sociedade: Lembrando que submissão é diferente de subserviência, não é Lilica?

* Subserviência e submissão refletem a mesma coisa: ambas significam se submeter ou servir voluntariamente a alguém.
A diferença é que uma pessoa subserviente não questiona e faz o que mandam por medo de ser excluído, rejeitado.
Sua submissão é falsa e visa interesses mesquinhos.
Por sua vez, uma pessoa submissa, se submete pelo prazer de servir, pelo desejo de ver o outro bem. Uma pessoa submissa é humilde.
Uma pessoa subserviente é egoísta.
Então, embora ambas sejam submissões voluntárias, o que as diferencia é o objetivo: servir em prol do outro (submissão) e servir por medo do outro (subserviência).
Uma submissa no BDSM não pode ser subserviente. Porque senão ela acaba servindo ao primeiro que for mais autoritário com ela.


Sociedade: como você vê as submissas que vão além de seus limites pelo dono....

* Toda submissa tem o desejo de servir ao seu Dono de forma plena, ser a mais perfeita.
Isso é um erro comum; as vezes por medo de ser rejeitada, por medo de desgostar o Dono.
´Mas é um erro. Toda vez que uma submissa vai além do seu limite, ela está sendo desleal com o Dono e consigo mesma, pois as consequências a longo prazo podem ser desastrosas: tanto física quanto psicologicamente falando.


Sociedade: que sou uma sub disso eu não tenho duvida, não me vejo no comando, mas as vezes sinto uma vontade de dar uma leve desafiada, é normal isso em uma sub?

* Claro que é normal... é gostoso desafiar... ver até onde o Dono vai... a pergunta certa é: você realmente está preparada para descobrir isso? E outra: a pessoa com quem você está jogando também gosta desses desafios? A consensualidade tem que ser pro Top também kkkk. Se o Top não gosta de ser desafiado não é obrigado a jogar com alguém que o desafie o tempo todo, certo? Mas completando, temos aí as brats que não me deixam mentir.


Sociedade: mas escravo é ser subserviente.

* Na literalidade da palavra até é mesmo, Senhora. Mas a subserviência provém do medo de ser rejeitado; isso gera dependência, angústia.
A submissão voluntária é prazerosa... gera desejo, tesão. Submeter-se é entendimento de que aquilo vai lhe proporcionar algo bom.


Sociedade: Como vc vê as pessoas que pretendem ser submissas apenas em cenas ?

* Bom... nem só de DS vive o BDSM. Uma relação SM, pode ser TPE, PPE ou EPE. Nesta última Erotic Power Exchange, o jogo se dá apenas em cena ou sessão; fora delas não há Dominação ou Submissão. ambos seguem suas vidas normalmente.
É preciso abrir a mente para perceber que nem todas as relações BDSM são DS onde Top e bottom moram juntos ou estão juntos o tempo todo. Há vários formatos e todos são BDSM.


Sociedade: você acha que brat seja uma submissa?

* Para mim, brat é uma dinâmica dentro de uma relação. Ela é uma submissa que, dentro de sua dinâmica, gosta de brincar e desafiar. Ultimamente eu ando bastante brat kkkkkkkk... faço piadas, jogo indiretas... faz parte do nosso jeito. Não é porque sou escrava que sou uma Então, sim, pra mim brat é uma submissa que gosta de desafiar, mas todas se submetem.


Sociedade: Mas isso me faz uma brat?

* Se eu fosse você não me preocupava muito em se rotular. Seja você. Uma submissa não interpreta papéis, ela simplesmente é. O Top vai se interessar por você pelas suas qualidades e defeitos (que ele vai querer moldar), e isto que torna o jogo dinâmico. A única coisa que você não pode deixar nunca é de respeitar a hierarquia. O resto tudo flui. Com o tempo você descobre a sua forma de se submeter e se encaixa num dos inúmeros nomes que o povo dá por aí.


Sociedade: vemos o crescimento de muitos blogs e sites acham que todos estão preparados mesmo ou apenas querem ser notados e conhecidos no meio BDSM?

* Vou ser sincera: não leio praticamente nenhum mais. Nem sei o que dizem. Mal entro no meu kkkkkkkkk. (depois entrem lá).
Mas antigamente, quando eu lia, percebi uma coisa interessante: todos falavam a mesma coisa... era o mesmo texto... copy cola um do outro, ou traduções de textos estrangeiros na maioria das vezes sem referência nenhuma. Pouco material autoral.
Hoje todo mundo quer ser estrela no BDSM.. .todo mundo quer ganhar dinheiro, views, ser couch de BDSM.
A única coisa que eu aconselho a quem estiver estudando agora é tentar ver se há coerência nas coisas que lê (e ver se elas não são o mesmo texto apenas replicado dezenas de vezes).


Sociedade: Acho que sou adepta das EPE's... 🤔

* e tá lindo... você nem é obrigado a ter uma DS... pode fazer avulsas com quem confia e também está certo.


Sociedade: Mesmo dentro da relação SM existe hierarquia, o que você pensa dessas masocas rebeldes malucas que dizem viver o SM?

* Eu conheço e converso com poucas masocas. Confesso não conhecer o pensamento delas em relação a isso. Mas, para mim, lilica, na hora do jogo há hierarquia sim: uma pessoa está se submetendo a outra na prática.
Há um Top, há um bottom: ela está se sujeitando aos desejos do Top (que também são os dela).
Então há hierarquia.


Sociedade: falou pra não se definir nego bate palma, a primeira coisa que fiz quando entrei no BDSM foi escolher uma posição, agora não pode se definir ... viva loucamente.

* não foi o que eu disse... você se define dentro de uma posição... sou Top, sou bottom... mas aquele monte de rótulos que querem que as pessoas se encaixem que devem ser evitados.
Você é Top, ok; depois descobre se é Daddy, Tammer, Sádico, Rigger, Hunter.
Você é bottom, ok; depois de define se é escrava, submissa, brat, dorei, primal e afins
Foi isso o que eu disse sobre se definir.


Sociedade: agora ficou melhor ..

* As pessoas sempre sabem o que são... elas apenas tem medo... eu nunca tive dúvidas que queria me submeter... ao passo que um Top nunca teve duvidas de que seu desejo é dominar.
Algumas pessoas depois descobrem que gostam dos dois lados.
Mas Top, bottom e switcher é fácil.
Pra que esse monte de nome todo para subdividir cada um? peço desculpas se não havia sido clara neste sentido.
As iniciantes chegam hoje preocupadas em se encaixarem... sou brat? sou submissa? sou escrava? sou sei lá o que?
Pra que? apenas sejam vocês mesmas... curtam o desejo de servir... o seu jeitinho quem vai moldar é o Top.
Eu era um demônio... pior do que qualquer pseudobrat mal humorada por aí. Hoje sou uma princesa. 😇. Moldada pelas mãos do Mestre Gregório.


Sociedade: o que justifica esse medo de se dizer sub, agora todos que chegam já se dizem sw sem nunca terem sequer visto um flogger? Essas pessoas sabem o que é ser sw?

* Na verdade, eu vejo isso como um problema de interpretação.
Nós temos desejos que se sobressaem: alguns sentem prazer em serem subjulgados. outros sentem prazer em subjulgar.
O que se sobressair é aonde nos encaixamos primariamente.
Então se gosto de subjulgar me apresento como Top.
Se gosto de me submeter me apresento como bottom.
Com o passar do tempo, com a vivência, experiência, somos invariavelmente apresentados ao lado oposto.
Podemos não gostar e perceber que queremos ficar apenas no lado que escolhemos primeiramente.
E podemos ter prazer com o outro lado, descobrir mais e perceber que aquilo também agrada, daí nos descobrimos Switcher.
Mas hoje, pelo que percebi, em algumas mentorias que tive o (des)prazer de testemunhar, ensinam que, se você não sabe o que é você é switcher; depois você descobre se gosta mais de ser Top ou bottom.
Então não é que a pessoa chega e se apresenta como switcher: ela foi orientada por pessoas mais experientes a agir assim.
E quem sou eu para debater isso com os tais mentores?


Sociedade: tem pessoas que torcem o nariz para os rituais, mas mal sabem que os ritos começam antes da sessão, quais os rituais mais comuns que você conhece?

* As pessoas torcem o nariz para os rituais porque muita gente transforma os rituais em teatro.
Os rituais servem para enriquecer e dar simbologia Às relações; tornar as coisas mais bonitas.
Eu sou católica, estudei a simbologia por trás dos rituais e, por isso, eles se tornam mais ricos a cada celebração.
No BDSM, quando se compreende o significado dos rituais, ele torna as relações mais ricas também.
Rituais mesmo eu conheço dois: o de encoleiramento e o das rosas.

Eu sinto muito por se perderem o sentido dos rituais de encoleiramento. Hoje ele serve apenas para marcar território: esta aqui tá de coleira, tá comigo.
O encoleiramento é um compromisso.
Antes do encoleiramento tem a consideração (ou avaliação)... pode ter uma coleira também... é como se fosse um noivado... rs.
O encoleiramento seria o casamento. rs.
Uma escrava encoleirada carrega o nome do seu Dono para onde for. Tudo o que ela fizer será espelho do treinamento do seu Dono. Se ela errar, foi o Dono que errou. Se ela acertar, foi o Dono que acertou.
Muitas submissas não fazem ideia do que é a real responsabilidade de carregar o nome da casa se um Dominador.

O outro ritual que amo é o das Rosas...
Este é um ritual de confirmação. Tem origens místicas. Você faz um laço de sangue com o outro.
É um laço que ultrapassa a fronteira carnal e se torna espiritual. Mas, mais uma vez, as pessoas não fazem ideia do que estão fazendo kkkk
Fora isso, tem os rituais particulares de cada Dominador em sua casa.
Mestre tem posições em que devo recebê-lo, momentos em que posso falar, e que posso fazer ou não alguma coisa.
São rituais próprios e cada um tem o seu jeitinho... mas são gostosos esses rituais.


Sociedade: Eu não me considero brat, só tenho vontade as vezes de dar uma leve desafiada.

* ultimamente me apresento como escrava brat kkkkkkkk


Sociedade: deixa eu mandar pro Gregório isso

* Ele sabe kkkkkkkkkk


Sociedade: Tira uma duvida, escrava não tem voz, escrava não tem querer, como funciona isso em ser esctava-brat

* Essa estória de escrava brat é uma piada que se originou em outro grupo. Eu fiz a mesma colocação que falei aqui sobre o que penso sobre ser brat e a adm colocou uma brat no grupo para explicar pra gente o que era ser brat de verdade. Ela descreveu uma submissa tão perfeita que todas as submissas e masoquistas do grupo se identificaram como sendo brats.
Mas não leve a sério... não tem como eu ser brat com o Mestre... faço brincadeiras, dou risada, jogo olhar ousado... mas obedeço a tudo.
Deixa eu fazer um adendo interessante aqui... escrava tem voz sim, tem desejos sim...
A diferença é que ela poder falar ou ter seus desejos atendidos é poder discricionário do Dono... Como um Dominador vai te dominar se ele não conhece os seus medos e desejos?


Sociedade: Eu sempre tenho a impressão que toda sub quer sexo, mas que dono não quer se deixar levar...

* As pessoas tem que saber o que elas verdadeiramente buscam. Quando entrei no BDSM eu estava sim em busca de sexo hard. Demorei para entender que BDSM era mais do que sexo hard.
Uma vez, numa conversa de café da manhã com o Lord Segger (Studio SM), ele me falou uma frase que traduz perfeitamente o meu pensamento hoje: transformar o BDSM em uma preliminar de sexo é reduzir tudo o que fazemos a nada.
Mas, mais uma vez, as pessoas precisam ter consciência do que elas realmente buscam. Eu já fiquei dois, três meses ou mais sem sexo por ordem do Mestre Gregório. Se eu estivesse nessa relação pelo sexo, certamente ela já teria se fadado ao fracasso.


Sociedade: a velha historia sexo não é pratica mas não esta intrínseco nas praticas a sexualidade, sensualidade, erotismo ?

* As pessoas se preocupam demais com o sexo (coito).
BDSM é um jogo erótico... isso aqui não é religião.. é erótico, instinto animal... é cheiro, toque, tesão.
Tudo é voltado para o sexo.
O coito pode ou não existir a critério do Dono... pode-se usar o sexo até como humilhação.
E pode não ter sexo (coito) nenhum.
Ademais, eu sempre digo isso: depois que tive uma mão e um braço enfiado dentro de mim, acha que um pênis vai me fazer diferença? Kkkkkkkkkk


Sociedade: ué não é escrava? não é peça? normal usar pra algo sexual.

* O Dono usa a posse dele como e quando ele quer... ela é posse.. está ali pra isso: satisfazer.


Sociedade: acredita que exista um perfil de submissa para cada Top? Ou vice versa?

* Como o Mestre Gregório me disse uma vez, cada submissa é diferente. Não existe um padrão de submissa... cada uma é única com suas particularidades, desejos. O Top vai pegar aquela peça e adequá-la ao seu próprio desejo.


Sociedade: escravo é um estágio que o submisso alcança?

* não... são formas diferentes de se submeter... tenho um texto muito bom no blog que achei na internet e nunca localizei a fonte original, infelizmente, que faz uma diferenciação excelente entre submissos e escravos.
convido-os a ler posteriormente.


Sociedade: nunca achei que BDSM é uma preliminar do sexo e já ouvi o mesmo TOP dizendo isso com pesar. Ocorre que BDSM no meu entendimento tem um contexto erótico, que leva à busca do prazer, da satisfação - que pode ser sexual ou não. Sexo por sexo, podemos ter Na vida bau, em relacionamentos pautados fora do BDSM. Eu mesma lá atrás, quando tive meu primeiro contato fiquei bem confusa com tudo isso. Não é sexo hard que eu busco no BDSM, isso eu tenho fora. Procuro algo além, algo que me faça transcender. Isso existe mesmo ou criei muita expectativa?

* Nem tanto o céu, nem tanto a terra.
Pessoal fala muito desse negócio de submissão de alma... entrega incondicional... submissão sem limites.
Eu sou muito cética pra esse tipo de coisa.
Me submeto por prazer erótico. É o jogo que me agrada.


Sociedade: ninguém chega escravo, aos poucos abre mão dos seus desejos para servir, Não seria isso uma evolução?

* não penso assim... o pensamento do escravo é diferente do pensamento do submisso... são formas diferentes... eu nunca fui submissa... meu treinamento foi todo para a escravidão.... minha mente foi moldada nesse sentido.
Tem quem não precise disso. São apenas maneiras diferentes de se entregar.


Sociedade: mas tem quem se entregue pelo prazer de ver a Dona ter prazer, ou isso é algo mais masculino ?


* não... é o desejo de todo(a) escravo(a). Ele é posse e quer ver o seu Dono feliz.


Sociedade: mas você disse ser pelo erótico, eu tive escravo que não tinha recompensa além de me ver ter prazer.

* e isso não é erótico? ver o prazer do outro?
Ele não ficava excitado em lhe proporcionar prazer?
se não for erótico, se não há prazer, não é BDSM... é abuso. Rs
o prazer é além do toque.


Sociedade: existe no meio um certo pré conceito com relação a avulsas! Por que isso acontece? Quais os pontos positivos e negativos acerca de avulsas?

* Eu resumo isso a uma coisa: ranço baunilha kkkkk.
As pessoas tem uma ideia baunilha pré-concebida de que uma relação consiste em parceiros fixos e que qualquer pessoa que não tenha um parceiro fixo não presta, é galinha, não merece confiança.
É um dos preconceitos baunilhas mais bobos trazidos ao BDSM.
O BDSM é um jogo, tanto que o parceiro é chamado em inglês de playpartner.
Eu posso jogar com o meu namorado, com o meu esposo, com um ficante.
Eu posso jogar com quem eu quiser, desde que ambos tenham conhecimentos claros das regras do jogo.


Sociedade: Ser posse, é inclusive saber superar as distâncias. Lilica, fala um pouco sobre isso. Como superar as adversidades na relação?

* Muita submissa tem a falsa convicção de que, ao ter um Dono, ela vai ter sessão toda hora, o Dono vai estar disponível pra ela 24 horas por dia para quando ela quiser chamá-lo no whatsapp ou fazer uma ligação. Que todo final de semana estará enfurnada na casa do Dono e terão momentos de prazer e gozo como se não houvesse amanhã.
Mas não... o Dono é um homem comum, que trabalha, pode ter família, tem uma vida baunilha... pode inclusive ter outras posses além de você.
Ele não está disponível pra você e isso dói. Dono não é namorado e não é marido; não tem que dar satisfação do que faz e pra onde vai ou com quem está. E isso também dói.
Você está preparada para tudo isso? De que ao se submeter você pertence ao Dono e não Ele a você? Então caia de cabeça... rs


Sociedade: querida e sobre canil e irmã de coleira?
A sub que se envolve emocionalmente com o dono vai ter dificuldades com isso... pelo menos mas os dificuldades do que as subs que estão alí pelo jogo, ou não?

* O ciúmes é inerente da mulher. Eu sou terrivelmente ciumenta. Mas como você lida com esse ciúmes é que faz a diferença.
Eu tenho um pensamento bem particular de como funciona a relação em um canil.
Mestre Gregório tem duas relações: a Dele com a Lilica e a Dele com a Laika.
Eu, lilica, só tenho uma relação: a minha com o Mestre.
Não meto uma vírgula na relação do Mestre com a Laika e Laika não se intromete na minha relação com o Mestre.
Tive uma imensa sorte ao encontrá-la.
Mas todo o sucesso da nossa relação dar certo consiste em uma única coisa: ambas apenas querem ter prazer em servir. Mestre Gregório não tem envolvimento na minha relação com Laika; não força a nossa amizade.
Eu posso não ter contato com alguma outra submissa do Mestre; posso não ter amizade.
O principal problema é quando a outra submissa chega tentando forçar a relação, interferir na minha relação com o Mestre... aí eu viro o demônio kkkkkkkkkkkk.


Sociedade: Avulsas e bom ou não pra que iniciantes?

* Minha opinião pessoal: pra mim ninguém deveria começar em D/s.
D/s requer maturidade, auto conhecimento, conhecimento das práticas, do BDSM... coisas que vc desenvolve muito mais rapidamente nas cenas e sessões avulsas.
Mas, deixando bem claro novamente, essa é minha opinião.


Sociedade: saudações ao Gregório, agradeça em meu nome e do Sociedade, agradeço a vc por disponibilizar seu tempo, obrigada 😘🖤

* Eu que agradeço em nome da Casa Gregório a confiança e a oportunidade em compartilhar minhas experiências. Amei esse momento. Sou grata de coração.

sexta-feira, 10 de maio de 2019

Conversar x Negociar

Dia desses estava conversando com um amigo Dominador sobre Negociações. Ele comentou comigo que, quando iniciou, não existia Conversação. As partes negociavam direto.

Propus, então, um debate usando, como exemplo, o diálogo hipotético abaixo.

- Dominador: bom dia, tudo bem? te vi no grupo tal e gosto das suas ideias. Vi que gosta de shibari. Sou shibarista. 
- Submissa: Olá senhor. Nossa. Eu amo shibari. Vejo o Senhor falando bastante sobre o assunto... fui amarrada várias vezes e estou estudando pois desejo me tornar uma dorei.
... trocam algumas fotos... falam mais sobre gostos, pessoas, referências...
- D:Eu sou de lugar Z e vc?
- S: Ah moro em Y.
- D: Legal, perto... podemos nos conhecer, falar um pouco sobre shibari. Tenho vários materiais.
- S: Ah.. claro Senhor... vamos conversando.
- D: vou trabalhar agora, depois nos falamos. Até mais.
- S: Até Senhor. Bom dia.

Isso é uma negociação? Não, isso é uma conversa.
Prossigamos...

O casal acima já está a algumas semanas papeando... nessas conversas já começaram a falar sobre interesses pessoais, detalhes da vida bau, para saber mais sobre o outro. Mas ainda não se conheceram.

Eles estão negociando? Não, ainda estão apenas conversando.

Dominador e submissa já perceberam que têm os mesmos interesses e gostam de conversar com uma frequência quase diária: várias vezes ao dia. O teor da conversa mudou um pouco... é mais aprofundado.
O Dominador percebe uma abertura na submissa.
Ela está bastante interessada naquele shibarista que pode lhe ensinar muito e gosta da maneira como ele a trata. Ela começa a respeitá-lo mais do que aos outros Dominadores com quem conversa. Tem vontade de passar mais tempo falando com ele do que com os outros.
Ambos já sabem um pouco mais sobre os desejos do outro e desejam se conhecer pessoalmente. Ou um encontro com amigos num bar lugar aberto ou num café apenas os dois. E a conversa migra pra este caminho.

E agora? Agora, sim, este Dominador e esta submissa abriram as portas para uma negociação.
É essa linha tênue que as pessoas não enxergam. Confunde-se conversar com negociar.
Conversar é conhecer.

Seres humanos, ao se conhecerem, estreitam conhecimento através do diálogo. Seja virtualmente, seja pessoalmente. Tudo começa da conversa; parte-se do cumprimento, fala-se sobre amenidades, até se descobrir algo em comum que faça com que se mantenha o interesse na conversa.
Conversação é a porta de entrada para se conhecer alguém.

Negociar no BDSM, falando do ponto de vista do bottom, significa se sentar com o Top e acordar o que pode ou não ser feito com o seu corpo ou o seu psicológico; do ponto de vista do Top, significa conhecer os limites aos quais ele não pode ultrapassar (ou deve ultrapassar com parcimônia).
Negociação você faz com quem você já conhece.

Conversar sobre práticas não significa que se está negociando sobre estas práticas.

Quando eu falo para Dominador Y que gosto de ser amarrada, não significa que estou falando pra este Dominador que quero ser amarrada por ele.

Comentei certa vez, em outro texto, sobre negociação miojo.
Comecei a conversar com um Dominador e logo percebi que nossos interesses não batiam e me despedi. Quando o Dominador falou: espero podermos dar continuidade nessa negociação.
Respondi: a gente só está conversando... não tem nenhuma negociação rolando aqui.
Está bem... reconheço que fui chata e, porque não dizer, grossa; afinal, ninguém é obrigado a se engessar em fases ou saber diferenciar o nome de cada uma.

Mas eu espero que a pessoa tenha um “feeling” para diferenciar uma simples conversa de uma negociação. Não se pode atropelar passos em relações. Não podemos fazer isso no baunilha, imagina no BDSM.

Conhecimento é a principal arma do submisso.

Meus respeitos.
lilica de Mestre Gregório

sexta-feira, 29 de março de 2019

24/7?

Publicado originalmente em 09/03/2019 no grupo BDSM Confidence (Facebook)


Costumo dizer que vivo uma relação PPE 24/7.

Mestre Gregório é casado (e não é comigo... kkkk). Nós não temos um relacionamento romântico e os detalhes de sua vida baunilha compete apenas a Ele, não cabendo a mim envolvimento

Por conta desse detalhe, algumas pessoas podem não “aceitar” (aspas propositais) nossa relação como sendo 24/7, uma vez que não moramos juntos, embora eu já tenha percebido uma mudança nesta mentalidade.

Ora, nossa relação é exclusivamente de Mestre x escrava; não busco nada no Mestre além da Sua Dominação; Ele, por sua vez, não busca nada em mim, além da minha Submissão.

Uma escrava enxerga a sua relação como um conceito de posse.

Eu, como escrava que sou, não tenho relacionamentos baunilhas; uma escrava é uma posse; e, como posse, pertence; e, pertencendo, apenas se envolve com quem o seu Dono (Proprietário) lhe permite.
Em nenhum livro de História diz que uma escrava convivia maritalmente com seu Dono. Nem “O” personagem principal do maior clássico sadomasoquista - morava com Sir Stephen. Uma escrava apenas pertence, no sentido literal, tanto que “O” é presenteada a Sir Stephen por René.
- “Entre nós há também uma liberdade tão antiga e tão absoluta que o que me pertence sempre lhe pertenceu, e o que lhe pertence, é meu. Quer consentir em participar disso?”, Historia de O, Capítulo 2.

Pois bem... ninguém deixa de ser posse apenas por estar trabalhando ou estudando... ninguém deixa de ser posse por não estar cotidianamente na presença de seu Senhor. Uma posse pertence. Ela está disponível para que seu Dono se disponha dela quando melhor Lhe aprouver.

Mas um Dominador responsável terá bom senso e saberá conduzir a sua posse de forma a não prejudicá-la em sua vida baunilha..

Pois bem... lilica é uma posse e não interpreta papéis. Ela é uma posse durante 24 horas por dia, 7 dias por semana; alma e corpo abertos e disponíveis para o seu Mestre.

E assim será enquanto Ele assim O desejar.

Meus respeitos.
lilica de Mestre Gregório.

Dez anos e o blog voltou!!!

  Em 2008, quando eu ainda servia ao Senhor FA e me chamava Emanuelle, criei o blog Diário de Emanuelle com a intenção de traduzir em pal...